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O blog sobre Ética e Cidadania

Ensaio para que mesmo?

Primeiro anunciam uma revolução: uma prova que avaliaria o aluno por completo, criando um perfil do mesmo e unificando o processo seletivo das universidades públicas assim como em outros países. Esse seria o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009.

Até ai tudo bem, universidades de maior renome como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) se manifestam divulgando que usariam a nota do Enem como 10% a 20% da sua nota final. Universidades federais se comprometem a usar de 50% a 100%, ou seja, com única avaliação, o Enem, tudo as mil maravilhas.

Abrem-se as inscrições para o Enem, eles exigem Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), documento não obrigatório até os dezoito anos, eu mesmo tive que fazer o meu para me inscrever no Enem.

São divulgados os locais de provas através de mensagens de celular (SMS) e do site, muitas pessoas seriam obrigadas a fazer a prova em outras cidades a quilômetros de casa por falta de planejamento.

Dois dias antes da data da prova, com os cartões de inscrição ainda chegando por causa de uma greve dos correios, as provas são misteriosamente roubadas e o exame é cancelado. Clima de incerteza, universidade divulgando que não usariam mais a nota da prova, estudantes esperando uma nova data para o exame.

Uma nova data é divulgada: 4 e 5 de dezembro, vestibulares tem suas datas alteradas por causa disso, universidades dizem que só usarão a nota do Enem se a organização garantir a divulgação delas até os primeiros dias de janeiro de 2010.

Novamente a data da prova se aproxima, locais de realização da prova alterados, problemas de distância sanados, prova vazada usado pelos estudantes como simulado para estar a par do nível de dificuldade, que se mostra fácil.

Primeiro dia de prova: dificuldade superior a prova vazada, com questões mal formuladas e excesso de textos de apoio, visando mais a opinião do aluno do que conhecimentos específicos.

Segundo dia de prova: dificuldade ainda se mantém superior a prova vazada, com proposta de redação razoável (tema: "O indivíduo frente a ética nacional." Ética! :D) e novamente com excesso de textos muitas vezes confusos.

No geral prova razoável, porém extremamente cansativa, mais para prova de resistência que de conhecimento.

Chego em casa cansado afim de conferir meu desempenho, quando vou conferir vejo que errei questões que tinha certeza absoluta que havia acertado e as resposta certas são as mais estranhas possíveis. Surge a possibilidade do gabarito estar errado, cursinhos divulgam suas resoluções que divergem do gabarito oficial.

Ainda na noite de domingo a organização do Enem se pronuncia dizem que o gabarito estava errado e que segunda às 10h da manhã eles divulgariam o retificado. Segunda ao meio dia o gabarito correto é divulgado.

Eles ainda usam o slogan: "Um ensaio para a vida", só se for uma vida de desorganização e trapalhadas? Prometeram tanto e apenas se desmoralizaram ainda mais, alunos bons indo mal na prova que seria a melhor em criar o perfil do aluno.

Só no Brasil mesmo para acontecer isso. Mudanças extremas como essa demandam tempo e calma. Quiseram deixar tudo pronto para esse ano em cima da hora e foi um grande fiasco. Resta esperar para ver como serão divulgados os resultados e ver se essas experiências valerão para melhorar o Enem 2010.

A ideia foi boa, mas a execução foi aos moldes do governo brasileiro, de ruim a péssima.

Mais um desabafo meu sobre nossa triste nação.

Tudo de bom a todos.

"Procure sempre uma ocupação; quando o tiver não pense em outra coisa além de procurar fazê-lo bem feito."

- Tales de Mileto

Luiz Felipe "Harry"

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Para finalizar

Encerrando nosso ciclo no Ensino Médio, faço minha última postagem, pelo menos enquanto aluno da Escola Industrial, na qual, orgulho-me dizer que estou concluindo. Será esta uma postagem que não abordará algum assunto relacionado ao nosso foco, a ética, mas, de agradecimentos e de conclusão mesmo.

A ética. Abordamos muito sobre este assunto, não apenas nesse blog, mas em constantes debates e discussões em nossa escola, e por incrível que possa parecer, dificilmente foi esquecida por nossos colegas. Por assim comentar, uma sala crítica, com pontos-de-vista bastante divergentes; mas na qual estou certo que todos levam um aprendizado de cada colega e muito de cada professor, cada qual com seu método de ensino, para o decorrer de suas vidas.

Me sinto privilegiado por aqui concluir um ciclo, no 3º ano B de 2009 na ETEC de Botucatu, com pessoas brilhantes ao meu redor, incluindo colegas, professores, funcionários além da estrutura e base e tudo mais; por fim, agradeço a todos que comentaram, que postaram, que leram ou mesmo que, por curiosidade, entraram em nosso blog.

Meu muito obrigado a todos!

“Saudações Eticidas”

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Carta de um crítico culinário sobre restaurante de transgênicos

Caro João,

Semana passada fui até o "restaurante transgênico", aquele mesmo que vimos o comentário no jornal. Pois bem, sendo eu um crítico gastronômico e você, meu caro amigo, um grande admirador da cozinha e de paladar aguçado, resolvi escrever-lhe e relatar a maravilhosa experiência que tive naquela noite.

O prato de entrada prenunciava os conceitos : uma deliciosa salada de proteínas sintéticas e lipossolúveis equilibrava-se junto ao tempero cítrico, compondo a mais apetitosa salada que já provei. A cevada, feita da mais pura seleção de genes, e os grãos integrais de flor de macieira misturados no creme para a salada, ampliaram ainda mais minha experiência de misturas de texturas.

O primeiro prato foi sobremodo maravilhoso, mas a epifania do paladar manifestou-se de fato com o prato principal, um original Coq au Vin, cujo frango com carotenóides (1) estava inebriante. O molho, com uma mistura original de alginato de propilenoglicol e monolaurato de sorbitano (2), junto é claro, com o finíssimo vinho francês, levemente adoçado com aspartame (3) e com uma leve textura devido aos sacaridoglicéridos (4), presumo, compunha a magnífica tríade da noite, seguida pelo acompanhamento da majestosa batata gratinada com hololectinas (5).

Confesso que a batata gratinada causou-me certa preocupação, uma vez que fui advertido que tais proteínas como a hololectina poderiam causar a aglutinação do sangue, contudo, o após uma gorda gorjeta o garçom garantiu-me que não haveria problemas. Por precaução, entre os intervalos das soberbas garfadas media meu pulso com a mão, apenas para verificar se tudo andava bem.

Pois bem, a comezaina sofisticada terminou com um coulis de morango, morangos estes, com o perdão do pleonasmo, extraordinariamente excepcionais. Únicos de uma espécie demudada produzida in vitro com seleção dos melhores genes de damasco, manga e macadames, o morango era por assim dizer tudo, menos propriamente um morango.

O creme, corado sutilmente com um tipo de caramelho sulfítico caústico (6) compunha aos olhos as perfeitas cores do pecado doce. Espantei-me, contudo, quando percebi que além do caramelho sulfítico, a principal base para o corante do doce era o licopeno (7), sim, o mesmo licopeno dos tomates e da melancia. Confesso que achava ainda muito cedo liberar o licopeno, recém chegado nos alimentos modificados da estação, contudo, preconceitos a parte, o jantar estava um deleite!

E foi nesta noite delirante e arrebatadora de aromas, sabores e texturas que adquiri a minha melhor experiência gastronômica, e declaro que não me arrependo, mesmo agora estando internado devido à reação da hololectina e admito, valeu cada garfada. Por falar nisso, comida de hospital feita com alimentos orgânicos depois daquele jantar tornou-se um verdadeiro assassinato ao meu paladar, por assim dizer, horrível!

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(1) – Carotenóides são as organelas vegetais mais importantes (depois dos cloroplastos) para a fotossíntese.

(2) - Alginato de propilenoglicol e monolaurato de sorbitano são aditivos alimentares geneticamente modificados (OGM), com função de emulsionantes, estabilizadores, espessantes e gelificantes.

(3) – Aspartame é um edulcorante (ou adoçante), utilizado em larga escala como adoçantes de bala e doces industrializados.

(4) – Sacaridoglicérido é um tipo de emulsificante também classificado como geneticamente modificado (OGM), utilizado para adquirir textura aos alimentos.

(5) – Hololectinas: a primeira batata transgênica possuía quantidades significativas desta proteína, proibida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) pelo fato de se ligar com a hemoglobina e causar a aglutinação do sangue. Estudos recentes comprovam que as lectinas também podem ser cancerígenas.

(6) - Caramelho sulfítico caústico é um corante artificial também classificado com geneticamente modificado (OGM).

(7) - Licopeno: substância carotenóide que confere a cor avermelhada do tomate, melancia e goiaba. É utilizado como corante e classificado como geneticamente modificad (OGM).

- OGM: Organismos Geneticamente Modificados.

- Coq au Vin: delicioso frango ao molho com vinho - original da cozinha francesa.

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Escola, lugar de respeito?


Abordaremos nesse post um assunto ainda delicado em nosso meio: as interações entre todos os relacionados no ambiente escolar. Relações estas que percebemos estar em desprezo em nossos dias; o desrespeito, o bullying e o autoritarismo, por exemplo, permeiam de forma constante e exacerbada nesse tipo de ambiente.

Começando pelas relações aluno-aluno, o bullying é a primeira e pior mazela perceptível. Esse ato, não passa de preconceito, que por sua vez, é fruto do senso comum, ou seja, algo sem base nenhuma pela qual nos tornamos acríticos. Uma pessoa ter certas preferências de roupas, penteados, ou de orientação sexual não a torna inferior; isso, apenas evidencia uma individualidade que é inerente do ser. Partindo deste princípio, todos são iguais a partir do respeito merecido.

As relações aluno-professor/professor-aluno são extremamente delicadas, já que muitos professores usam de autoridade excessiva para poder controlar a sala e essa forma autoritária incomoda esses alunos, que ainda em período de formação do caráter muitas vezes passam a perder o tão desejado respeito, não se submetendo às ordens e atacando verbalmente o professor, danificando seu automóvel ou outro pertece afim de intimida-lo e em casos extremos até mesmo partindo para agressões físicas.

Com isso há uma perda de motivação de ambas as partes, com alunos que passam a ir para a escola para encontrar amigos e conversar e professores que só vão marcar presença para ao final do mês receber seu tão desejado salário e o principio básico da educação e do ensino se perde completamente.

Considerando as relações professor-professor, também podemos encontrar alguns distúrbios, visto que, mesmo passando despercebido aos olhos dos alunos, na grande maioria dos casos, ocorrem certos conflitos. Há escolas, por exemplo, em que os professores chegam a se agredir verbalmente pelos corredores, eles, que deveriam ser a personificação da ética e da cidadania acabam por destruir tal imagem, personificando em seu lugar, a brutalidade e a injustiça.

Então como podemos desenvolver nosso caráter se os próprios professores não nos dão exemplo de ética e respeito? Somente pelo indivíduo ser um professor ele não pode estar sempre correto, e querer impor sua opinião para cima do aluno sem deixa-lo expressar a sua, afinal o aprendizado é um processo que deve ocorrer em duas vias.

Links relacionados:

Observatório da Infância: site com contéudo sobre direitos das crianças e adolecentes, possui diversas informações sobre bullying e outros tipos de violência.

Resenha sobre o livro "O Professor Reflexivo: guia para investigação do comportamento em sala de aula" por Elaine Leonarczyk – 5o. ano Letras: Português-Inglês / UEM, 2005

Respeito mútuo entre alunos e professores: texto interessante do reitor da PUCPR

Esperamos sinceramente que apreciem.

"O fato mais grave, me parece, é uma escola recorrer essencialmente ao medo, ao constrangimento e a uma autoridade artificial. Esse tratamento destrói nos estudantes o gosto pela vida, a sinceridade e a confiança em si mesmos. E gera pessoas servis."

- Albert Einstein


Mores Civitas

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Geração Coca-Cola

Há muito, muito tempo, fim da década de 70 e início da década de 80, na Inglaterra explodia um movimento musical, com forte influência política, chamado punk. Eram bandas como The Clash, Sex Pistols que faziam parte desse movimento e criticavam diretamente a monarquia britânica.

Um pouco desse ar de inconformismo e revolta chegou a Brasília, a recém inaugurada capital federal, através de jovens que viveram na Europa, geralmente filhos de pessoa de classe alta e ligadas a política como embaixadores entre outros, esses jovens tiveram contato com algo novo, já que devido a ditadura vigente no nosso país nessa época todo tipo de material contra o sistema era censurado.

Esses jovens aos poucos foram se reunindo e formando uma turma, era a Turma da Colina, jovens entediados e infeliz com a situação política que se reuniam para conversar, ouvir músicas e tocar.

Aos poucos em meio a turma surgiu uma banda: nascia ali o Aborto Elétrico, liderada por Renato Russo, rapaz culto, sempre tido como líder da turma, compunha as letras, cantava e tocava baixo, André Pretorius tocava guitarra e Fê Lemos bateria.

A banda tinha um som pesado, com grande influencia do punk inglês e letras politizadas. Era a primeira banda punk brasileira.

André foi prestar serviço militar na África e Renato assume a guitarra, deixando o baixo para Flávio Lemos, irmão de Fê. Mais tarde a guitarra é assumida por Ico Ouro-Preto.

Em 1982, após algum tempo fazendo pequenos shows o Aborto Elétrico acaba, mas a semente havia sido plantada, Renato se junta a Marcelo Bonfá, que fazia parte da turma e forma uma das, senão a maior, banda de rock nacional, a Legião Urbana, os irmão Lemos se juntam a Dinho Ouro-Preto, irmão de Ico que também era parte da turma e formam o Capital Inicial.

Algumas músicas do Aborto ficaram famosas através do Capital, várias através da Legião e muitas se perderam no tempo. A turma ainda deu origem a mais uma banda: a Plebe Rude, que nunca conseguiu tanto sucesso quanto as outras duas, mas se mantém ativa até hoje sem perder os ideais politizados. A Legião acabou em 1996, após mais de 10 anos de sucesso, com a morte de seu fundador Renato Russo e o Capital continua na ativa até hoje com letras menos politizadas e sonoridade mais leve.

Em 2005 a MTV lança em parceria com o Capital um belo trabalho em CD e DVD chamado: Especial MTV Capital Inicial Aborto Elétrico, onde o Capital, através de pesquisas e restauração de material antigo relembra e toca músicas da época do Aborto, o disco contém 18 faixas: 5 gravadas anteriormente pela Legião: "Que país é esse", "Geração Coca-Cola", "Conexão Amazônica", "Tédio (com um T Bem Grande pra Você)", "Química", 4 gravadas também anteriormente pelo próprio Capital: "Fátima", "Música Urbana", "Ficção Científica", "Veraneio Vascaína" e 9 inéditas. Vale a pena conferir!





Faixas do álbum:

1. "Tédio (Com um T Bem Grande para Você)" (Renato Russo)
2. "Love Song One" (Flávio Lemos/ Renato Russo)
3. "Fátima" (Flávio Lemos/ Renato Russo)
4. "Helicópteros no Céu" (Renato Russo)
5. "Química" (Renato Russo)
6. "Ficção Científica" (Renato Russo)
7. "Conexão Amazônica" (Fê Lemos/ Renato Russo)
8. "Submissa" (Fê Lemos/ Renato Russo)
9. "Geração Coca-Cola" (Renato Russo)
10. "Baader-meinhof Blues Nº1" (Flávio Lemos/ Renato Russo/ Fê lemos/ André Pretorius)
11. "Heroína" (Ércole Fortuna/ Renato Russo/ Fê Lemos/ Flávio Lemos)
12. "Despertar Dos Mortos" (Flávio Lemos/ Renato Russo)
13. "Veraneio Vascaína" (Flávio Lemos/ Renato Russo)
14. "Construção Civil" (Renato Russo)
15. "Benzina" (André Pretorius/ Renato Russo)
16. "Música Urbana" (Flávio Lemos/ Renato Russo/ Fê lemos/ André Pretorius)
17. "Que País É Este" (Renato Russo)
18. "Anúncio de Refrigerante" (Renato Russo)

Quando se fala em rock nacional politizada não há música melhor que essa para citar, que por um acaso também foi do Aborto:


Que País É Este
(Renato Russo)

Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse? (4x)
No amazonas, no Araguaia
Na baixada fluminense
Mato grosso, nas gerais e no
Nordeste tudo em paz.
Na morte eu descanso, mas o
Sangue anda solto.
Manchando os papéis, documentos fiéis.
Ao descanso do patrão.
Que país é esse? (4x)
Terceiro mundo se for.
Piada no exterior.
Mas o Brasil vai ficar rico.
Vamos faturar um milhão.
Quando vendemos todas as almas.
Dos nossos índios em um leilão.
Que país é esse? (8x)


Vídeo:

Mesmo em meio a ditadura e problemas políticos esses jovens se fizeram ouvir através da música, mas e hoje em dia, a situação política continua deplorável e ouvimos a juventude reclamar? Não, são emotivos demais para isso!

Bom, espero que gostem, até mais.

"Ouça no Volume Máximo"

- Frase presente nos discos da Legião

Luiz Felipe “Harry”

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A imagem perdida

É de praxe colocar no canto direito superior do blog uma imagem relacionada ao tema da vez e há algumas semanas o Brunno havia me dito que tinha achado uma boa imagem para representar o tema política, mas em meio a imprevistos acabei colocando outra imagem no dito espaço.

Hoje estava a alterar algumas coisas no blog quando encontrei a imagem que o Brunno achou, para que ela não deixe de ser aproveita irei postá-la, complementando talvez a postagem do Barnabé sobre o Conselho de Ética.

Representa bem ou não o tema política, se levarmos em consideração o Brasil?

Tudo de bom a todos,

"Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada."

- Toda Forma de Poder - Engenheiros do Hawaii

Luiz Felipe "Harry"

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"Jeitinho brasileiro"

Abordando um pouco mais sobre o tema política, decidi fazer uma reflexão sobre o chamado "jeitinho brasileiro" e a Lei de Gérson aquela que defende que "o importante é obter vantagem em tudo", ambos podemos relacionar à vergonhosa situação de nossa política, que por sinal, ocorre desde a conquista do país pelos portugueses.

Dizia Maquiavel no Absolutismo monárquico: “Os fins justificam os meios”, e a população vivendo à margem da sociedade, cria ter o rei como representante divino, segundo teorias de Hobbes e Bossuet. Desta forma, o alcance do objetivo está acima de qualquer valor ético, pois, a importância está na conquista do desejo. No Brasil esse pensamento é difundido desde sua conquista, e evolui continuamente até tempos hodiernos. Assim sendo, é correto comparar algo, muitas vezes, considerado singelo, como o “jeitinho brasileiro” à corrupção de políticos, por exemplo?

O caráter e a honestidade são valores preservados ou não por cada indivíduo e são fortificados através do alicerce familiar. Desta forma, o roubo de dinheiro dos cofres públicos é semelhante ao furto cotidiano ou a um suborno qualquer, já que em ambos há a ausência desses valores. Um político que utiliza de atos ilícitos para vencer ou que pratica o nepotismo é tão repugnante quanto aquele que aceita trocar seu voto por uma ajuda qualquer. O fato é que, a população, em geral, se acostumou a questionar o outro, sem, porém, preocupar-se com seus próprios atos, e, assim, acabamos por perder a voz ativa de cidadão e nos adaptamos com o errado, que passa a ser algo costumeiro em nosso cotidiano.

Esse vício, porém, não é algo prematuro, mas como já dito, evoluído. Durante o Império, o voto censitário e o autoritarismo minavam a maioria da população, na República Velha, o voto-de-cabresto e a política do café-com-leite dominavam, depois, o período militar, e, finalmente, uma “democracia oligárquica”, na qual a igualdade só é lembrada após conhecer-se quem é o interlocutor.

Não somos apenas o país do futebol, do Carnaval ou do “jeitinho”. A herança deixada ao longo de nossa história política inda é crônica, porém, podemos extinguir esse mal. A tentativa de criar uma identidade nacional na primeira geração de nosso Romantismo apenas adaptou o europeu às nossas raízes. Desta forma, já passou do momento de darmos um basta para a “exceção” que acreditamos ser cada um e vivermos numa sociedade realmente igualitária e associada ao caráter e honestidade do brasileiro.

Espero que tenham gostado!

Saudações "eticidas"

Paulo

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