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O blog sobre Ética e Cidadania

Ética na educação - introdução

A Teoria do Construtivismo, como abordada anteriormente, defende que a inteligência e o caráter do homem se desenvolve a partir do meio em que vive, sendo, portanto, a mente facilmente adaptável ao meio social, cultural e psicológico.

Proposta por Jean Piaget, a teoria do construtivismo é uma das vertentes do que idealizou como “epistemologia genética”, que unidas ao pensador socialista Lev Vygotsky compõem o que seria a definição e síntese mais elaborada sobre Pedagogia do século 20. Essas definições abalaram o modo de pensar da época, reabrindo sérias e antigas discussões sobre as técnicas de ensino e aprendizagem.

Partindo destes princípios, compreendemos então que a educação é uma das bases para a formação de uma sociedade. Sob outra perspectiva, “A aprendizagem é a única coisa que a mente humana nunca se cansa de fazer” (Leonardo da Vinci), ou seja, é a principal característica que nos concede o título de "seres racionais".

Com relação à ética na aprendizagem, caminhamos a um nível ainda maior, o que causa grandes discussões e algumas divergências. As duas propriedades, a ética e educação, que inicialmente aparentam ser totalmente distintas mas que em suas essências, apresentam certas particularidades, são o tema das nossas próximas discussões durante este mês. Para começar, vamos analisar uma definição importante daquilo que procuramos:

“A virtude ética requer escolha, deliberação, discernimento; exatamente por se debruçar sobre coisas passíveis de variação; e, portanto, contingentes. Ao contrário de realidades expressas por princípios primeiros invariáveis, há uma parte dos objetos postos diante da razão humana para os quais pode haver cálculo e deliberação.”(SILVEIRA, 2001, p.48).

Ética requer escolha, deliberação e discernimento. Ao compararmos tudo isto com o Construtivismo, percebemos certa verossimilhança: as vertentes entre ideias e ações práticas, nos levam a refletir que a ética em sua essência, está intimamente ligada com as formas de aprendizagem, isto é, não apenas as faculdades científicas ou concretas podem contribuir naquilo que classificamos como conhecimento, mas também as formações morais que influem na qualidade e seleção do próprio conhecimento. Diante dessa afirmação, chegamos a conclusão de que a ética está integrada direta ou indiretamente com a aprendizagem, na busca pelo conhecimento científico ou empírico.

Entretanto, não é simples inserir a ética na educação, pois se trata de uma virtude moral que depende da escolha do cidadão. Não é algo concreto, ou uma realidade expressa, é somente através da razão e da reflexão que se pode entendê-la. É algo que deve ser apresentado de maneira que aguce os sentidos e a busca por ela, requerendo assim a escolha e o livre entendimento por parte dos cidadãos.

Sendo assim, quando no processo de aprendizagem nos deparamos com a formação moral e pedagógica, percebemos esta teoria tornando-se lei: através da ética, construímos mentes críticas, questionadoras do meio que vivem, procurando através da experimentação lógica e prática, combater os sofismas e conformismos pregados em nosso século.

Antes de se classificar tudo isso como uma grande utopia, defendo ainda que somente através da ética na educação mudanças significativas na sociedade seriam sentidas, como por exemplo, o combate à corrupção e a diminuição da violência, entre outros problemas sociais. Aristóteles de um modo magistral defende que esta utopia pode sim se aproximar cada vez mais daquilo que chamamos de realidade, através do aprendizado das faculdades da potencialidade e atividade:

“...em relação a todas as faculdades que nos vêm por natureza recebemos primeiro a potencialidade, e, somente mais tarde exibimos a atividade (isto é claro no caso dos sentidos, pois não foi por ver repetidamente ou repetidamente ouvir que adquirimos estes sentidos; ao contrário, já os tínhamos antes de começar a usufruí-los, e não passamos a tê-los por usufruí-los); quanto às várias formas de excelência moral, todavia, adquirimo-las por havê-las efetivamente praticado, tal como fazemos com as artes. As coisas que temos de aprender antes de fazer, aprendemo-las fazendo-as – por exemplo, os homens se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas tocando cítara; da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo moderadamente, e corajosos agindo corajosamente. Essa asserção é confirmada pelo que acontece nas cidades, pois os legisladores formam os cidadãos habituando-os a fazerem o bem; esta é a intenção de todos os legisladores; os que não a põem corretamente em prática falham em seu objetivo, e é sob este aspecto que a boa constituição difere da má.” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p.35-6)

Através desse trecho, é possível perceber e conciliar todas as teorias e pensamentos observados anteriormente: na construção moral do homem, as faculdades do saber devem prosseguir juntas com a ética, como forma seletiva para o aprendizado e formação do caráter social, psicológico e intelectual do homem, sendo essa uma obrigação que apenas se complementa aliada à educação.

Contudo, isso não passará de uma utopia se através dos meios apresentados a ética não agir. Entendemos que somente através da prática real da cidadania, é que uma pessoa saberá o que é ser um cidadão. O mesmo ocorre com a ética: somente através de uma prática real aplicada à sociedade, é que de fato entenderemos a sua plenitude. Por isso, deixamos o desafio:

Durante este mês, trataremos de vários artigos relacionados com a ética na educação, pois entendemos que um dos países com os maiores índices de corrupção no mundo e com outros grandes problemas sociais necessita de uma educação iniciada no berço, com um pouco do nosso “eticida”. Afinal, com relação à ética: “quem tem, tem.”

Brunno Caetano


3 comentários:

Crisis disse...

Hummm! Assunto espinhoso hein? Boa sorte em suas considerações a respeito.
PS_ Vou passar um file alemão sobre comportamento de Grupo. vou precisar da ajuda do Eticida para coordenar os debates em sala de aula. Topam?
Abração
Rodrigo

Mores Civitas disse...

Feito!

Unknown disse...

Ronaldo!!!!!!!!brilha muito no curintia

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